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Implante que trata depressão pela 1ª vez: dispositivo foi aplicado no país

A depressão é uma doença que afeta milhões de pessoas no mundo todo, e muitas vezes não responde aos tratamentos convencionais, como medicamentos e terapias. Para esses casos, uma nova alternativa pode ser a estimulação cerebral profunda (DBS, na sigla em inglês), uma técnica que consiste em implantar eletrodos no cérebro para estimular áreas relacionadas ao humor.

No Brasil, pela primeira vez, um paciente recebeu esse tipo de implante para tratar a depressão resistente. O procedimento foi realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo, e faz parte de um estudo internacional que envolve outros países, como Estados Unidos, Canadá e Alemanha.

O paciente brasileiro é um homem de 36 anos, que sofre de depressão há mais de 20 anos e já tentou diversos tratamentos sem sucesso. Ele foi submetido à cirurgia em agosto deste ano, e desde então vem apresentando melhoras significativas em seu quadro clínico.

Segundo o neurocirurgião responsável pelo implante, Marcelo Batistuzzo, o objetivo da DBS é modular a atividade cerebral de forma precisa e segura. “A gente implanta os eletrodos em uma região específica do cérebro, chamada área 25 do córtex cingulado anterior, que está envolvida na regulação do humor e das emoções. Essa área costuma estar hiperativa nos pacientes com depressão resistente, e a estimulação elétrica ajuda a normalizar essa atividade”, explica.

O implante funciona como um marcapasso cerebral, que é controlado por um gerador de pulsos implantado sob a pele do tórax. O gerador pode ser programado por meio de um dispositivo externo, que permite ajustar os parâmetros da estimulação, como frequência, intensidade e duração.

Os efeitos da DBS não são imediatos, e podem levar semanas ou meses para se manifestar. Além disso, o tratamento não é definitivo, e requer acompanhamento médico constante. “A DBS não é uma cura para a depressão, mas sim uma ferramenta que pode ajudar a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Eles ainda precisam continuar com os outros tratamentos, como medicamentos e psicoterapia”, ressalta Batistuzzo.

A DBS é uma técnica que já é usada há décadas para tratar outras doenças neurológicas, como Parkinson, distonia e epilepsia. No entanto, para a depressão, ela ainda é considerada experimental, e precisa de mais estudos para comprovar sua eficácia e segurança.

O estudo internacional do qual o Brasil faz parte pretende avaliar os resultados da DBS em 100 pacientes com depressão resistente ao longo de cinco anos. Os pesquisadores esperam que essa técnica possa se tornar uma opção terapêutica para os casos mais graves da doença.

A depressão é um problema de saúde pública que afeta cerca de 300 milhões de pessoas no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, estima-se que 11 milhões de pessoas sofram com a doença. A depressão pode causar sintomas como tristeza persistente, perda de interesse pelas atividades cotidianas, alterações no sono e no apetite, sentimentos de culpa e baixa autoestima. Em casos mais severos, pode levar ao suicídio.

Se você ou alguém que você conhece está sofrendo com a depressão ou pensando em suicídio, procure ajuda profissional. Você pode ligar para o Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo número 188, ou acessar o site cvv.org.br. O atendimento é gratuito e sigiloso.

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